Ainda lembro-me do nosso primeiro olhar, da nossa primeira
troca de sorrisos que juntou-nos como amigos apaixonados. O nosso amigar gerou
namoro, nosso namoro gerou amor. No segundo dia em que nos cruzamos na esquina
do musseque, tudo que havia dito foi mentira. Nunca tinha visto você antes,
nunca tentei te chamar nem sequer o meu coração foi a procura de ti. Pois,
havia dito aquilo para manter-te mas perto de mim, para tu saberes que eu
existo e que procurava-te a décadas.
Ups! Sei que nunca admiti que eu amo você na tua presença, e
o facto de não dizer “te amo” não implica dizer que eu não te amava, te amava
sim, talvez ainda amo-te, só que eu não sei admitir isso na tua presença mesmo
quando estávamos nos nossos momentos. Queria que o meu coração contasse no teu
coração o que sinto por ti, não sendo eu a dizer nem você a ouvir. Mas tudo não
foi como queria eu, a áspera palavra de dizer “te amo” é o meu maior defeito
que não conseguiste fazer dela tua perfeição, não queira dizer que não fizeste
dos meus defeitos tua perfeição. Fizeste sim, e gostei de como olhavas para eles,
mas não conseguiste esquecer o meu maior defeito de não usar a palavra que
muitos dizem de ser sagrado numa relação, a palavra “EU Te amo”.
Hoje passei pela rua onde nos encontrássemos, as paredes
perguntaram-me como tu estas, com quem andas, como está a tua saúde, os teus
estudos, os teus escritos... Não tive como respondê-los por que faz tempo que
não vejo você, entre um ano ou dois, e me parece que já passou décadas! E que o
nosso amor envelheceu e a paixão que sentias por mim também faleceu de saudades
e orgulho teu.
Hoje bateu uma enorme saudades tuas, dos nossos beijos que
tentavam exprimir o que sentem, do teu corpo junto ao meu escondendo os
segredos das nossas saudades e dos teus desfiles quando beijas-me, minha alma
escrevia os subscritos dos teus desejos. Enfim...
Está é à décima quarta cartas que eu escrevo para você. A
primeira ofereci para a lua, ela vai guardar o segredo dos escritos que os
nossos corações não escreveram quando nos namorávamos, a segunda carta a minha
paixão pediu-me para fazer a entregue à ti, mas não o fiz. Pois queimei os
cantos da folha, e se um dia tu leres a segunda carta que escrevi para ti darás
conta de que já tentei te esquecer.
Os dias passam como os ventos e me parece que foi ontem que
nos demos o último adeus, o nosso primeiro beijo, a brisa leva mais um dia de
saudades tuas...
E se o tempo parasse e a minha mente viajasse nos dias
vindouro – Pergunto-me eu! Não perderia você, não sei se perdi te para sempre
ou um dia irás de voltar para mim e seres novamente a minha donzela ou mesmo à
avó dos meus netos. Sinto saudades de ficar contigo até a meia noite onde o
nosso amor fluía nas madrugadas. E se nós marcarmos um encontro? Irmos pela
primeira vez num recital de poesia? E se nós irmos passear de mãos dadas na
ilha de Luanda ou Loanda? – Pergunto-me! Talvez se nós irmos nas esquinas onde
dávamos vidas nos nossos lábios também daremos vida no meu amor, fazer com que
exista novamente nosso amor. Eu sei que você ainda sentes algo por mim, notei
isso nos gemidos das tuas falas quando nos encontrássemos, num dia desconhecido
pela humanidade.
Que pena! Está carta também não vai chegar até a ti como
outras cartas, mas gostaria que tu saibas: Nada tenho à perder se é para te ter
nos meus mendigos braços.
30/03/2017
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Por: Gonçalves Gonga (Dominitchiy)
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